terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Ponto de vista

Ela chega em casa chorando. Pega o telefone liga pra melhor amiga. Meio sem graça, começa contando que tinha certeza que dessa vez era pra valer. Que uma química como aquela, não podia ser de mentira. Jura que foi enganada. A amiga insiste perguntando se algum dia ele deu certeza que era uma coisa “séria”, mas ela está irredutível, acaba desconfiando que a outra torceu contra...
Dessas vez ela achou q ia ser pra sempre. Ele tinha tudo o que ela precisava: um bom emprego, morava sozinho, carro quase zero, estava perto dos 30 como ela. Ela sabe que o último namoro dele deixou marcas. Mas achou que podia quebrar o gelo daquele coração tão machucado. Ela apagou da mente o dia em que ele mostrou o restaurante onde ia com a ex... Fingiu também que jamais ele pareceu distante ao telefone. E por falar em telefone, ela esqueceu de contar quantas foram as ligações dele pra ela. Poucas, a ponto de caberem em uma das mãos apenas.
Ela repete, soluçando: “foram dois meses de pura mentira...”. Ela não entende. Não quer entender. Quer apenas chorar. Curtir sua infelicidade. Sentir-se a pior das mulheres.

Ela chega em casa sorrindo. Nas mãos uma sacola daquela loja que ela paquerava a vitrine. Na mesa da sala um vaso de flores, ainda com o bilhete da noite anterior, mal colado no papel celofane transparente. Pega o telefone e liga pra melhor amiga. Enquanto isso, corre pra pegar o bilhete porque sabe que vai ter que ler exatamente como está escrito... Conta que no começo não entendia o motivo de ter ficado com ele. Bebida? Carência? Falta de opção?! Elas riem e chegam a conclusão que pode ter sido tudo junto! Comenta que conheceu a família dele. Achou todo mundo normal. A mãe meio protetora, mas simpática. O pai quieto, daqueles que dão a última opinião em tudo, mas que deixam a mulher pensar que quem manda é ela. A irmã foi quem mais conversou com ela. A comida era boa. A casa grande, cafona, mas grande. Já imagina a decoração da sua casa... e já aproveita pra contar que vão ficar noivos no Natal. Ela confirma que está apaixonada. Sabe que fez uma boa escolha. O cabelo liso dele jogado na testa não incomoda mais. Conta do sapato “daquela loja” que acabou de ganhar dele. Convida a amiga pra ser madrinha. Ela entende que chegou sua vez. Quer curtir sua felicidade. Sente-se amada.

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